“ ...Porque o Sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo pecado.”
1 João 1.7
A Rússia dói na gente como o gelo. E, ás vezes, arrepia como o calafrio da morte.
Ah, Jesus Cristo, o que fizeram com o teu povo!
“Os pais comeram uvas verdes” e se embebedaram; “mancharam os dentes” e macularam a alma. Cisternas rotas foram cavadas, águas turvas a sua bebida. E essa bebedeira, esse porre da alma, parece não mais acabar...
Pelos trilhos sangrentos vai correndo o trem da Transiberiana e do coração de Deus fluindo o Sangue de Seu Filho Imaculado, derramado por mim, por você e por todas as nações da Terra.
A neve se estende como uma colcha de retalhos, recortada aqui e ali. Das bordas de cada pedaço, surge um suave feixe de luz brilhante. E sua luminosidade róseo-avermelhada, parece ir subindo, e ficando cada vez mais forte. Fulgurantes raios de sol, jorrando calor e vida. Eles geram aquela cor extraordinária, um toque vermelho-dourado, beijando a neve lá em baixo.
Aqui, sob a colcha branca da neve, a terra é vermelha!
O sangue dos mártires encharcou o solo deste país. Homens, mulheres e crianças pagaram com a vida por suas convicções. Milhares de cristãos pereceram por causa de sua fé em Deus.
Por baixo daquela neve, o sangue dos mártires fala. Ressurgindo da terra, conservados pelo rigor do clima, preservados pela força das provações e do Poder de Deus.
A Igreja de Cristo nunca morre; pode cair, como o grão de trigo cai na estepe fria. Enquanto o inverno durar, o grão se conserva integralmente. Aos primeiros sinais da primavera, com a terra empapada das águas do degelo, a semente explode exuberante para uma nova vida.
Assim, a Igreja revive no sangue dos seus heróis - e ressuscita como o Seu Senhor...
Pelos trilhos sangrentos vai correndo o trem, e do coração de Deus fluindo o Sangue de Seu Filho Imaculado.
O inverno sempre passa; depressa chega a primavera!
O trem balança meu corpo, sacode a minha alma, me trazendo à memória passagens da infância...
Tinha a impressão de ouvir minha mãe cantando, enquanto preparava o café:
“Alvo mais que a neve,
Alvo mais que a neve,
Sim neste Sangue lavados
Mais alvos que a neve Sereis...”
Sua voz parecia ecoar sobre a imensa capa de neve cobrindo o solo, levada pelo sopro do vento. Era o sopro do Espírito Santo, trazendo as marcas do Sangue de Jesus Cristo sobre a Rússia...
Deus fala neste silêncio branco.
Pr. Reuel Pereira Feitosa. In: Rússia, a Esperança Vermelha, 2001, MG, págs. 49-51