É ELE! - 24/06/2018

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Ela chegou furtivamente. Encolhida ela veio,

escondida, com muita vergonha e medo.

Humilhada ela estava. E o seu mal era bem

mais do que um destempero orgânico. Era

mais do que um incômodo mensal.

Era uma sangria permanente. Uma perda

doída e sangrenta de vida, infindável durante

muitos anos. Ela se reconhecia impura.

Perante a Lei de Moisés ela deveria estar

recolhida, bem longe. Mulher contaminada.

Imunda. Jamais no meio do povo.

Caminhando pela cidade.

Ela procurava Aquele Alguém de tudo capaz.

Sabia seu Nome. Mas não onde Ele estava,

porque vivia a caminhar por toda a Terra

fazendo o bem, porque Deus era com Ele.

Quebrou todos os protocolos. A ética e os

bons modos. Mas foi andando.  Até chegar no

meio da multidão. Só ali ela poderia esconder-

se dos santos sacerdotes, e até dos seus

parentes, para não ser apedrejada.

Ninguém veria. Nem notaria a palidez do seu

rosto. O abatimento na sua face. A falta de

cor. A dor. Os olhos fundos. As mãos que

passava sobre o ventre, o útero que doía.

Ela foi chegando. Determinada. No meio da

multidão. Estendeu as mãos. Mãos trêmulas.

Escondidas na manga. Fracas e mal nutridas.

Talvez não só aquela enfermidade. Já era um

câncer. Uma metástase. Chegado aos seios

doloridos. Alcançando órgãos vitais.

Ela foi... Caminhando... Venceu as barreiras do

populacho... A frieza dos escribas, sacerdotes

e discípulos ciumentos.

Ela O viu de costas. Ainda não vira a sua face,

nem a cor dos seus olhos. Mas esticou o

braço tremente. As mãos amarelecidas.

Apontou o dedo firmemente...

Ela sabia, sim. De longe. Até de costas. Onde

estivesse, e se chegasse perto, aconteceria.

Tocou-O com a ponta do dedo. E o mal

acabou-se para sempre.

Era Ele. Ele estava ali.

É certo que perdemos grandes bênçãos,

estando tão perto, mas sem ousadia e fé 

para nos achegarmos a Ele.

Chegue-se  a Ele!                                                                                          

Pr. Reuel Pereira Feitosa